Artigo 1 Asfalto Borracha
Uma Alternativa Ambiental para Pneus em Desuso
Álvaro Orsi & Cristiana Liebeld Simon Quando, nas primeiras décadas do século XIX, Charles Goodyear deixou cair enxofre e borracha sobre o fogo e percebeu que esta adquiria uma consistência mais sólida, estava dando os primeiros passos no desenvolvimento do processo de vulcanização (adição, a altas temperaturas, do elemento enxofre) da borracha. Entre os aproveitamentos desta nova tecnologia nas décadas subseqüentes, os pneus tornaram-se para a incipiente indústria automobilística a forma ideal, e até hoje única, de contato de seus protótipos com o solo.
Durante o século XX, a pavimentação de vias desenvolveu-se mundialmente, acompanhando a expansão da indústria automobilística. Misturas asfálticas foram desenvolvidas, recobrindo malhas viárias e garantindo um padrão de pavimentação de estradas. Junto com a constante ampliação das rodovias, veio o aumento na produção de pneus para os automóveis que as utilizariam.
Quase dois séculos depois, estima-se em centenas de milhões o número de carcaças de pneus velhos descartados anualmente. Só no Brasil, são mais de 30 milhões de pneus inservíveis por ano. Nos Estados Unidos, estima-se que esse número chegue a aproximadamente 200 milhões. Como somente uma pequena parcela é reaproveitada, o resíduo sólido e seu destino, como combustível ou descartado na natureza, tornou-se uma questão ecológica de difícil resolução.
Nas últimas décadas, buscou-se integrar de forma ecológica esse resíduo. Entre os processos de reaproveitamento, a adição de granulados de borracha provenientes de pneus velhos às misturas asfálticas tem sido recebida com grande interesse. O asfalto contendo quantidades de polímeros provenientes da borracha de pneus inservíveis adquire características que alteram significativamente sua resistência, permeabilidade, aderência e durabilidade.
A borracha, a vulcanização e o pneu
A borracha, material essencial na engenharia moderna, era conhecida das