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Formados há três meses, soldados ainda recebem como alunos
O governo do Rio de Janeiro está improvisando na área da Segurança Pública para instalar Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) em comunidades aonde não houve preparo antecipado, como acontece na Rocinha. Curiosamente, isto ocorre em um ano eleitoral.
Na Rocinha, o policiamento é feito, segundo admitiu a própria Polícia Militar, por “estagiários” e não soldados. Por serem tratados ainda como em “fase de treinamento”, os recém-formados recebem como recrutas, menos do que é pago aos soldados. Mas, no fundo, todos exercem as mesmas funções de policiar.
>> PM classifica policiais formados lotados na Rocinha como estagiários
Eles se formaram em maio, no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), na turma conhecida como 5ª Companhia Bravo, composta por 600 recrutas. Destes, cerca de 200 foram para a Rocinha. Lá ainda não há previsão de instalação das UPPs. Os demais formandos foram para o Complexo do Alemão, aonde a falta de estrutura também foi denunciada ao Jornal do Brasil na segunda-feira (30), por outro policial militar insatisfeito com o pouco caso do governo para as condições de trabalho nas UPP.
Alguns destes “recrutas” que estão na Rocinha, como um deles - o policial “Y” - confessou ao JB, têm dificuldades até para chegar ao 23º BPM, no Leblon, corporação à qual estão lotados. “A gente precisa de dinheiro para trabalhar. Para eles (oficiais), não importa se eu tenho aluguel, se eu preciso pagar a fralda dos meus filhos”, queixa-se. O curioso, pelo que diz, é que "até a Companhia que se formou depois de nós recebe vencimentos de soldados”, narra.
O improviso, porém, é maior. Além da falta de pagamento, o policial "Y" enumera outras situações pelas quais passam cotidianamente que, segundo entende, afetam a “dignidade” da tropa.
Com ou sem instalações, os policiais dão jornada de 12h em pé. A