Artes

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Cinema
Durante o período de transição do cinema “sessentista” para o “setentista”, podemos notar uma grandiosa evolução no tocante à exposição de temáticas politicamente engajadas e que procuravam retratar da maneira mais fiel possível à realidade vivida pelos espectadores em seus diversos meios de convivência social. Aquela fantástica magia que embebedava de utopias os freqüentadores dos cinemas no período clássico estivera extinta do primeiro escalão da indústria fílmica durante alguns bons anos (tanto que os poucos musicais e faroestes feitos nos anos 1970 abordavam sempre, de forma muito ríspida, a decadência física e moral de seus personagens e/ou espaços) até que certo acontecimento, a ser citado subseqüentemente neste mesmo artigo, mudara novamente o ritmo das águas em Hollywood – que normalmente dita as regras cinematográficas no mundo todo.
Ainda no início desta década, em 1971, dois filmes já fizeram questão de apresentar às platéias qual seria o tom empregado nas abordagens temáticas das obras desse período. O primeiro, Operação França, de William Friedkin, tinha como proposta uma visão mais suja e violenta da realidade das ruas de Nova York. É um filme que procura mostrar de maneira mais transparente e até mesmo ousada, para a época de seu lançamento, a dura convivência entre criminosos e lei, retratando a figura do policial de uma forma muito mais humanizada, sem empregar às suas ações aquele tom de super-heroísmo comumente encontrado nas ingênuas produções das décadas anteriores – sem contar, claro, a canastrice e a inteligência dos detetives que protagonizavam os saudosos filmes noir, totalmente paradoxais a esta ingenuidade.
Já o segundo exemplo, desta feita a obra-prima Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick, permanece até os dias de hoje como uma das fitas mais marcantes, ousadas e impolidas já produzidas. É um conto brutal e de imensurável importância, onde valores sociais são relegados à insignificância diante da amarga ótica do gênio

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