artes
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REDAÇÃO - Prof.a Denise DʼIncao
Folha de São Paulo, domingo, 26 de abril de 2009
Da necessidade à virtude
RUBENS RICUPERO
Qual será o evento definidor que porá Obama à prova? Um novo atentado nos EUA, um ataque israelense contra o Irã?
"QUIERO PAZ , quiero paz, quiero paz", a peroração do imperador Carlos 5º poderia servir de modelo a todos os discursos que o presidente Obama tem feito sobre temas internacionais. Se o antecessor se autodesignava "war president", ele teria razão para se chamar de presidente de paz.
Não se trata apenas da opção pela diplomacia como método preferencial de resolver conflitos ou da vocação pessoal para o diálogo e a cooperação. A onipresença paralisante da crise econômica, a prioridade de recompor a coesão social duramente provada por 20 anos de desigualdade crescente, a corda dos recursos militares esticada até a ruptura no Iraque e no
Afeganistão não lhe deixam alternativa no fundo. Até agora as circunstâncias ajudaram. Não houve ataque terrorista como o do
11 de Setembro nem operação do tipo do desembarque em Cuba nos primeiros dias do governo Kennedy, mas estamos só no começo. Com Bush filho, os seis meses inaugurais davam a impressão de governo desinteressado dos assuntos mundiais. Foi
Bin Laden quem mudou o rumo da história e criou as condições que ajudaram a imprimir àquele governo seu caráter indelével.
O atentado obrigava a uma reação avassaladora, mas não predeterminava a forma que ela assumiria. Tanto assim que, a princípio, Washington se valeu da natural solidariedade mundial para que o Conselho de Segurança da ONU autorizasse a invasão do Afeganistão como primeiro passo da cooperação internacional contra o terrorismo. A guinada para o unilateralismo e o catastrófico erro estratégico de priorizar a guerra