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A modalidade de Racionalismo proposta por Descartes (habitualmente designada por Racionalismo Cartesiano), filósofo francês da primeira metade do Século XVII, tem algumas particularidades. Uma dessas particularidades é a de que irá defender não só que alguns conhecimentos são justificados racionalmente, mas que todo o conhecimento é justificado racionalmente. Como é que ele chegará a tal conclusão? A preocupação de Descartes é conseguir conhecimento cuja justificação seja suficiente para se estar certo disso que se conhece - que não seja possível que aquilo que se conhece seja falso. Concluem-se, portanto, desse ponto de partida que saber exige certeza daquilo que se sabe. Logo, aquilo do qual será lícito duvidar não é conhecimento. É, por isso, que o início do processo que conduz o filósofo francês às suas conclusões é colocar, tanto quanto possível, as coisas que se julga saber em dúvida. Com a hipótese do Génio Maligno, a dúvida atinge o seu ponto mais extremo; virtualmente tudo é objecto de dúvida, nem sequer podemos estar certos da verdade das proposições matemáticas. No entanto, há algo de que, pelo próprio exercício de duvidar, podemos estar certos - "se penso, logo existo". Este é o primeiro conhecimento que aquele que conhece pode ter: de que pensa e de que, enquanto ser pensante, existe. E será por meio do pensamento que irá estar certo de conhecer as restantes coisas. A primeira dessas coisas e a garantia de que o "eu pensante" não pode ser sistematicamente enganado é Deus. A segunda certeza é a de que "Deus existe". Uma vez que existe e que é sumamente bom, não pode enganar-me nem deixar que me enganem sistematicamente, o que é incompatível com a hipótese do Génio Maligno e restantes hipóteses cépticas. Muito bem, de modo intuitivo e dedutivo, tenho a garantia de que, pelo menos, sistematicamente não erro e que posso estar certo de algumas coisas, nomeadamente de que "Eu existo", de que "O Mundo (e o meu corpo)