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O reconhecimento da existência e importância da psicologia transpessoal, assim como o interesse em seu desenvolvimento, de seu estudo, das potencialidades humanas relacionadas à espiritualidade, à autotranscendência e à ampliação da consciência - temática que caracteriza o objeto de estudos privilegiado da psicologia transpessoal - é fato antigo nas culturas e nas sociedades humanas. Embora esse interesse, assim como a visão de homem e de universo a ele associada, seja, com justiça, habitualmente relacionados ao campo da religião ou da filosofia, é igualmente justo e apropriado, considerar grande parte da produção cultural desenvolvida nessa área como pertencente ao campo do que hoje chamamos psicologia. De fato, abstraída uma leitura mais ingênua dos aspectos mitológicos, doutrinários e ritualísticos específicos, a maioria das religiões e tradições espirituais acaba propondo um modelo teórico-operativo da psique humana - ou seja, uma teoria da personalidade - e tecnologias de mudança da personalidade em direção ao considerado mais saudável pelo modelo adotado, ou seja, um tipo de psicoterapia.
Aceitar as tradições espirituais como psicologias e, mais ainda, psicologias transpessoais, é ponto pacífico no movimento transpessoal e, mesmo fora deste, encontra hoje larga aceitação, em grande parte graças ao trabalho de Jung que, em suas pesquisas sobre a alquimia e as religiões orientais e ocidentais, revolucionou a concepção cientificista com que tais tradições eram encaradas. Assim, vemos hoje populares manuais acadêmicos de teorias da personalidade, largamente utilizados fora do círculo transpessoal (como o de Fadiman e Frager, 1979), e mesmo autores não identificados com a perspectiva transpessoal (como Hall e Lindzey, 1984) dedicarem capítulos às chamadas teorias orientais.
A visão transpessoal acena com a possibilidade de um futuro diferente para a humanidade e os demais seres vivos. Através de uma exploração mais profunda de quem somos e dos mundos