Arte e Discurso
Paula Renata Penteado Oliveira
Mais do que a temática e a técnica, a arte contemporânea traz discussões acerca da própria obra e de como esta faz a mediação entre artista e público.
No livro “Isto não é um cachimbo”, Foucault apresenta questões pertinentes sobre genealogia, focando a ideia de discurso a partir de artistas como Klee, Kandinski e Magrite.
Para o autor, há uma comunicação da forma plástica e da linguística, porém essa relação se da de três formas diferentes ao analisarmos a história da arte.
Podemos enxerga-la de forma hierárquica, onde ora o texto resume a imagem (legendas), ora a imagem que é subordinada ao texto, virando ilustração do que está escrito. A arte nesse momento é vista como representação da representação, onde a imagem e grafia são usadas como método de reafirmação do que se quer dizer. Formas de comunicação distintas que comunicam a mesma mensagem, exemplificadas pelas obras de Klee. “O segundo princípio que durante muito tempo regeu a pintura coloca a equivalência entre o fato da semelhança e a afirmação de um laço representativo”. [...] “O essencial é que não se pode dissociar semelhança e afirmação”. FOUCAULT (1973 p. 41-42)
Ou seja, em segundo momento temos uma forma de arte a qual a plasticidade e a linguagem se complementam. Imagem e título são necessários para a transmissão da mensagem. Ao utilizar as obras de kandinski para ilustrar essa relação, percebemos que a intenção do artista só é possível a partir do título que permite percebemos as geometrizações e formas da imagem como música gráfica, ao receber títulos como “Faixa 7”.
Já em terceiro momento, a obra “Isto não é um cachimbo” ao qual também dá nome ao livro de Foucault, vai contrapor figura e escrita.
Ao vermos a imagem de um cachimbo, deixamos nos convencer de que aquilo é um cachimbo, a forma se torna o objeto, porém o título vem quebrar essa ilusão, reafirmando que o que está ali não é o cachimbo e apenas sua representação.
Diferente