O discurso na vida e o discurso na arte
Para o autor tal discurso mantém uma conexão com a situação real, ou seja, está vinculado à vida e não pode ser retirado da mesma sem que não perca sua significação, pois este discurso não é suficiente para identificarmos, somente através dele, um enunciado. Dentro destes fatores estritamente verbais, existe também a situação extraverbal. Assim, o que está fora de um contexto verbal faz parte, pertence ao texto.
Partindo deste pressuposto, Voloshinov exemplifica uma situação intencionalmente simplificada em que duas pessoas estão sentadas numa sala. Estão ambas em silêncio. Então, uma delas diz “Bem.” A outra não responde.
De acordo com o autor, é praticamente impossível entender esta cena isoladamente, através de uma única palavra dita.
Falta, assim, o “contexto extraverbal”, que seria:
a) O horizonte espacial comum, neste caso, o segundo plano da cena - onde estas pessoas estavam? b) O conhecimento e compreensão comum da situação vivida pelos interlocutores – Sobre o que sabiam ou falavam estas pessoas?
c) E, por último, A avaliação comum dessa situação, vivida pelos interlocutores.
Só assim poderemos entender o que a palavra “Bem” quer dizer.
Observemos, então, mais detalhes da cena. Continuando com Voloshinov:
[...] No momento em que o colóquio acontecia, ambos os interlocutores olhavam para a janela e viam que começava a nevar; ambos sabiam que já era maio e que já era hora de chegar à primavera; finalmente, ambos estavam enjoados e cansados do prolongado inverno – ambos estavam esperando ansiosamente pela primavera e ambos estavam amargamente desapontados pela neve recente. (p.5)
Segundo o autor, somente a partir de todas essas informações fornecidas: do “horizonte espacial e ideacional” compartilhado pelos falantes, do “unanimemente avaliado” e do “conjuntamente sabido”, o sentido global do