Arte sequencial
2. A arte seqüencial realiza-se em sua pureza, justifica sua necessidade apenas quando ilustração e palavra renunciam a sua independência.
A palavra abandona o dizer, contamina-se com a ilustração, propõe-se a um puro mostrar.
A ilustração, desafiada pela palavra, não mais se contenta com sugerir; portanto, mostra absolutamente, diz tudo.
O objetivo da obra, seu limite justificador, é o puro visual: a palavra torna-se imagem e a ilustração, negada, afirma-se como o próprio desenho do mundo.
Considerar a Arte Seqëncial como simplesmente uma história feita em quadrinhos seria como dizer que um filme é apenas uma história apresentada numa série de fotografias. No cinema, a ilusão do movimento faz o espectador sentir-se parte desta ilusão e ele tem que acompanhar a história até o final para saber seu desfecho. Na Arte Seqüencial, a seqüência narrativa estabelece a cumplicidade com o leitor, como num livro, de não olhar a última página. Como nos filmes de Chaplin ou Buster Keaton, os diálogos aparecem inseridos em textos para complementar o que as imagens não podem transmitir.
O autor de Arte Seqüencial, no entanto, tem responsabilidade direta sobre todos os elementos de sua obra: atores, cenário, luz, direção. Suas mãos são a câmera, seu texto, vozes e ruídos. Sua direção de cena determina o que o leitor/espectador deverá ver claramente ou apenas perceber os detalhes do texto ou das imagens. Como no teatro, existe a fusão do texto literário com a ilusão da cena pintada. Diferente do teatro, os atores em cena também são