Arte gótica
E todavia a morosidade da gestação não faz nada ao caso. Quem observar um monumento gótico bem caracterizado, uma das catedrais da região parisiense, por exemplo, acha-o diferente na sua essência dum monumento românico, mais diferente talvez do que o é este edifício românico dum edifício carolíngio, ou até, no fundo, dum edifício antigo.
Na história da arte, o gótico apresenta-se como um fenómeno singularíssimo, profundamente revolucionário e cuja duração foi relativamente medíocre, porquanto, tendo principiado na França, onde é particularmente precoce, em meados do século xii, finda praticamente no começo do século xv. Neste intervalo, evoluiu na sua essência segundo princípios bastante lógicos e abstractos para que se possa traçar uma espécie de curva desta evolução, para que Viollet-le-Duc tenha podido compor uma catedral gótica, cujo único defeito está em nunca ter existido, mas que haveria sido mais completa, mais perfeita do que os monumentos construídos, quando, sem dúvida, nós não poderíamos de forma alguma imaginar desse modo nem o templo antigo ideal, nem a igreja românica ideal.
Não queremos aqui falar, bem entendido, senão de arquitectura, e demais, nesse tempo, o primado desta arte não poderia ser verdadeiramente contestado.
Cruzamento de Ogivas
O problema gótico foi, segundo parece, con- sideràvelmente obscurecido pelas explicações ao ao mesmo tempo materialistas e racionalistas particularmente em voga desde Viollet-le-Duc entre os