Arquétipos
Como a função da arquitetura escolar evoluiu ao longo da história - Roberto Segre
A razão construtiva nas escolas paulistas
Altstetten, em Zurique (Suíça, 1932), de Alfred Roth, é uma das primeiras escolas urbanas de planta compacta horizontal sobre pilotis
Desde os primórdios da sociedade humana, a transmissão de conhecimento foi um dos pilares essenciais do seu desenvolvimento. A educação esteve sempre baseada na estreita comunicação entre mestre e aluno. No início, o reduzido grupo que se congregava ao redor do bruxo ou do sacerdote para assimilar os segredos do incipiente saber científico não necessitava, além do fogo, de uma construção específica. Ela tampouco foi importante na tradição clássica: Platão e seus discípulos reuniam-se nos passeios do jardim de Academo, dando início à tradição da cultura filosófica laica integrada à paisagem natural. O idílio acabou junto com a crise do império romano. No surgimento do cristianismo, a educação voltou a depender diretamente da religião, e, desde as primitivas catacumbas, desenvolveu-se em um espaço fechado e introvertido. Monastérios e conventos medievais - como a abadia de Cluny (1095) - estabeleceram as tipologias arquitetônicas de escolas e hospitais até o século 19.
Como a função não mudou ao longo da história, ficaram estabelecidos os atributos básicos que caracterizam a edificação: uma sala retangular ou quadrada, com assentos para os alunos e um pódio para o professor; uma parede com janelas, para receber a iluminação e a ventilação externas; um corredor de comunicação entre as classes; um espaço aberto de convívio e relaxamento. Quando as estreitas cidades medievais se tornaram insuficientes para albergar a crescente população estudantil, começaram a surgir os núcleos especializados fora do contexto urbano, inseridos na natureza: Oxford e Cambridge, na Inglaterra, são exemplos. O sistema de blocos fechados com pátios internos - como o King’s College, em Oxford - generalizou-se até inícios