Arquivologia
Princípios Teóricos e Problemas Práticos*
Michel Duchein**
Trad. Maria Amélia Gomes Leite***
O respeito aos fundos vem sendo considerado, desde a segunda metade do século XIX, como o princípio fundamental da
Arquivística. É por sua prática que o arquivista se distingue mais nitidamente tanto do bibliotecário quando do documentarista.
Como a maioria dos princípios, mais fácil se torna enunciá-lo que defini-lo e defini-lo que aplicá-lo. Se suas bases conceituais são estabelecidas em relativa facilidade, o mesmo não ocorre quando se tenta aprofundar os aspectos teóricos e deles tirar conclusões práticas.
Gerações de arquivistas têm se preocupado com essas dificuldades sem que, para superá -las, tenham surgido soluções universalmente viáveis.
O presente artigo não tem a pretensão de renovar os fundamentos indiscutíveis de uma questão tantas vezes abordadas em alto nível por inúmeros teóricos eminentes. Seu propósito é mais modesto e mais concreto: tenta r definir os elementos básicos do problema (assinalando especificamente as dificuldades que, com freqüência, resultam de terminologia mal traduzida de uma língua para outra, gerando confusões e, ás vezes, interpretações errôneas), e, sobretudo, buscar para casos concretos, soluções precisas sem nos deixarmos arrastar por considerações demasiada teóricas, nas quais a abstração provoca, freqüentemente, mais obscuridade do que luz.
I. DEFINIÇÂO HISTÓRICA DO RESPEITO AOS FUNDOS
O respeito aos fundos – para adotar aqui sua definição mais simples, deixando de lado todos os problemas de interpretação que abordaremos no decorrer deste trabalho – consiste em manter grupados, sem mistura-los a outros, os arquivos
(documentos de qualquer natureza) provenientes1 de uma administração, de uma instituição ou de uma pessoa física ou jurídica: é o que se chama de fundo de arquivos dessa administração, instituição ou pessoa.
As justificativas para esse princípio nos parece