Arquitetura
Nossa primeira ideia: é preciso mudar o mundo. Queremos a mais libertadora mudança da sociedade e da vida em que estamos aprisionados. Sabemos que essa mudança é possível por meio de ações adequadas. (1)
Esse clamor revolucionário introduz o texto apresentado pelo autor na conferência de fundação da Internacional Situacionista, em 1957 na Itália. O grupo de artistas, pensadores e ativistas que integravam o movimento se propunha, através de manifestos e atuações na cidade, a estimular novos modos de fruição dos espaços urbanos, como forma de combater a alienação e a passividade da sociedade da época. Essa citação de abertura define o espírito desse artigo: a ideia de resgate do valor humano de se viver na cidade através da ativação intencional da vida urbana. No entanto, ao invés das técnicas situacionistas para lidar com essa condição de passividade, pretendo apresentar as intervenções temporárias como forma de transformação dos lugares. Para isso, baseio-me na suposição de que as intervenções temporárias podem deixar marcas permanentes na cidade.
As intervenções que serão discutidas aqui correspondem às ações contestatórias no espaço urbano contemporâneo, especificamente no Rio de Janeiro, intencionalmente temporárias na medida em que surgem de uma atitude diferenciada frente à cidade e suas idiossincrasias. Trata-se de “atitudes” que contém o desejo de transformação do espaço, advindo de uma forma contemporânea de pensar e agir.
A motivação vem da percepção de que o Rio de Janeiro, muito mais do que antes, anda se “libertando”. Artistas, arquitetos, designers, associações civis, população em geral, resistindo às ações padronizadoras de comportamento, engajam-se, gradativamente, em ações de reconquista do espaço público, em tempos onde este nem sempre resulta estritamente “público”. Essas ações, eventuais, de movimentação, poetização e reconquista da rua e da praça, vem se intensificando nos últimos anos, resultado da ação de grupos