Arquitetura
Em São Paulo, a maior cidade do Hemisfério Sul e a mais rica da América Latina têm hoje 994.926 famílias vivendo em situação de risco, em áreas precárias ou em terrenos irregulares. Isso significa que um terço dos paulistanos tem residência atualmente em favelas, loteamentos irregulares, cortiços, conjuntos irregulares e outros assentamentos que desafiam a política habitacional da capital.
Em favelas, são 389.112 famílias. Nos loteamentos precários, vivem mais 160.358, enquanto em cortiços moram 127.084. Há sete anos, quando foi feito o último estudo com abrangência similar, essa população era cerca de 25% menor.
Os índices podem parecer frios, indiferentes, mas, na realidade, acabam movimentando uma teia de inseguranças, medos, apreensões, receios e muitos problemas. Ocupações se adensaram, barracos ganharam andares, áreas verdes foram ocupadas, mananciais foram invadidos, e mais pessoas foram empurradas para as submoradias.
Cortiços
Por volta de 1870 surgem os primeiros núcleos de cortiços nos bairros centrais, como Sé, Santa Efigênia, Bela Vista e nos bairros operários, Brás e Mooca. Nesse período a população de São Paulo passou de 15 mil habitantes, em 1850, para 65 mil, em 1890, e constituía a maior massa.
A condição de salubridade dos cortiços é de extrema precariedade, com uso comum de banheiros, ausência de iluminação e ventilação, famílias inteiras utilizando um único cômodo para todas as atividades cotidianas e uso de botijões de gás em áreas não ventiladas. Todas essas precariedades são ainda reforçadas pelo alto preço pago para se viver em cortiços, que representam os aluguéis mais caros por m² da capital paulista II, configurando-se como um mercado de lucro fácil devido a sua informalidade e ausência de controles fiscais. As relações entre proprietários e inquilinos de cortiços não são mediadas por contratos, o que facilita aumentos ilegais, pagamentos de contas não justificadas e ações de despejo, sem qualquer garantia aos