arquitetura
A tecnologia, o modo de habitar e ocupar o território, desta gente genuinamente brasileira.
Solano Diniz
Oca, Maloca, Casa
A riqueza antropológica e cultural dos índios do Brasil impressiona a qualquer um: são muitos povos, diferentes de nós e diferentes entre si. Cada qual com seus usos e costumes próprios, com habilidades tecnológicas, atitudes estéticas e religiosas, organização social e filosofia peculiares, resultantes de experiências de vida acumuladas e desenvolvidas em milhares de anos. E distinguem-se também de nós e entre si por falarem línguas diferentes, construírem diferente, enfim, por serem e viverem diferentes.
Para sermos o mais abrangente possível, tratando-se de tão rica e variada cultura, o conceito arquitetônico de casa adequado para aplicar-se ao índio é o que elege a cobertura como elemento definidor, visto que alguns povos podem apresentar ausência de paredes. A estrutura domestica, por assim dizer, indígena deve ser analisada diante de uma proposta que envolve a avaliação das relações entre estrutura espacial e estrutura familiar e o uso do espaço nas diferentes horas do dia e períodos do ano. Definitiva ou temporária, a habitação para o índio sempre transcende ao mero objetivo da proteção, adquirindo importantes sentidos – dependendo da etnia em questão – sociais e cerimoniais.
Para entender a arquitetura indígena, é necessário expandir o olhar sobre os aspectos morfológicos primários, como a técnica, a matéria-prima e a forma da construção. Alias, a matéria-prima e a tecnologia das construções indígenas estão diretamente vinculadas à evolução cultural de cada povo. Em termos de matéria-prima, por questões óbvias, a madeira e seus derivados – folhas, cipós, fibras – são o elemento básico da construção indígena.
Os padrões de fixação num determinado local são ditados pelas condições de subsistência. Uma vez que muitos grupos tribais praticam agricultura semi-itinerante e dependem da caça e da pesca para a