Arquitetura
Renzo Piano e a construção de um símbolo da civilização kanak
Ana Rosa de Oliveira
Foto Pierre-alain Pantz [Renzo Piano Building Workshop]
Compatibilizar o programa de um centro cultural com a idéia de construção de um símbolo da civilização kanak que, no entanto, se afastasse da "imitação folclórica, dos âmbitos do kitsch e do pitoresco" (1), foi uma questão fundamental na realização do projeto do Centro Cultural Jean Marie Tjibaou Nova Caledônia.
Tratou-se de ver como a cultura kanak definiria a própria arquitetura a construir. Nesse processo, não estariam implicados tanto os procedimentos herméticos como aqueles de diálogo com as "preexistências" do lugar. Para isso, foi necessário "tentar entender como nasceu aquela cultura, porque tinha seguido determinadas tendências, que filosofia de vida a conformara" (2).
Durante a realização do projeto, trabalhou-se com base nas premissas que as construções da tradição kanak nascem da estreita relação com a natureza e são efêmeras como alguns de seus materiais. Sua continuidade no tempo não é baseada na duração do edifício isolado, mas na preservação de uma topologia e de um padrão construtivo. Outra vertente da cultura local é a concepção da paisagem como elemento indissociável da arquitetura.
Localizado em uma pequena península a leste de Nouméa, em parte cercada pelo mar e em parte por uma lagoa coberta por densa vegetação, e análogo aos assentamentos kanak, que querem, simultaneamente, ser bosque e povoado, o centro cultural foi proposto como um conjunto de edificações, vias e espaços abertos unidos por um núcleo central: a alameda do povoado tradicional.
A experiência de familiarização com o centro e suas atividades vai ocorrendo simultaneamente. O acesso não é feito de maneira frontal, mas através de um caminho paralelo à costa e ao edifício que sobe, serpenteante, ao promontório e acaba em uma praça elevada, à entrada do centro cultural.
No seu interior, o