arquitetura e seu combate
AULA INAUGURAL DO CURSO DE ARQUITETURA DA UFMG - ANO 1999
DATA: 04/14/1999
PROF. DR. CARLOS ANTÔNIO LEITE BRANDÃO
A ARQUITETURA E SEU COMBATE
Introdução
É com muita honra que tenho o prazer de inaugurar o curso de arquitetura do primeiro semestre de 1999, dando as boas vindas aos calouros recém-ingressos. Pretendo, nesta aula, promover a arquitetura enquanto instrumento fundamental para a construção, mais do que de edifícios e cidades, de “uma vida melhor e mais feliz”, bene beateque vivendum, como diziam os arquitetos do Renascimento italiano.
Afirmar ser a Arquitetura instrumento para a construção de “uma vida melhor e mais feliz” não é uma frase banal. Ao contrário, é uma frase polêmica e o lema de um combate aguerrido e contemporâneo que tem como propósito restituir à nossa profissão seu sentido social, seu significado poético e sua valência ética, mais do que artística ou estética. E é o desenvolvimento dessa valência ética que acredito ser o conteúdo disciplinar mais importante a ser desenvolvido por um curso de arquitetura. O estudo da história e da teoria da arquitetura, o desenvolvimento dos projetos nos diversos planejamentos que os alunos que aqui estão deverão cursar, o aprendizado de estruturas, materiais, técnicas e procedimentos compositivos dos edifícios e das cidades, enfim, todos aqueles conteúdos definidos nas ementas das diversas disciplinas a serem freqüentadas só têm sentido se, atrás de cada obra analisada, de cada desenho rabiscado, de cada cálculo efetuado, se atrás de cada momento em que nos dedicamos a esta profissão estiver sendo aprendido, simultaneamente, a razão e o sentido humano que levaram a arquitetura a existir e a se constituir como uma das principais atividades da existência humana. E é o aprendizado desse sentido humano, público e ético que não tem sido promovido nem pelos arquitetos e nem pelas escolas de arquitetura. E, assim sendo, a própria arquitetura começa a ser vista pela sociedade como