Arquitetura Silenciosa
últimas décadas se tornou clara a crise disciplinar que atinge a arquitetura e o urba-nismo. Trata-se de uma crise multifacetada, decorrente principalmente de fatores exter-nos, com sérias conseqüências para a pro-duçáo do ambiente construído. Embora suas origens sejam várias, o fenómeno da globalização e a conseqüente infiltração e predominância dos valores do mercado na maioria das atividades humanas parecem ser as mais importantes.
Algumas das características dessa crise são:
• O visível deslocamento do centro real das decisões sobre a cidade do poder público para a iniciativa privada, principalmente no chamado Terceiro Mundo. Coincidentemente ou não, nas últimas décadas ocorreu o virtual desaparecimento do poder público como cliente: lembremos apenas a sua importância para o desenvolvimento da arquitetura moderna brasileira entre 1930 e 1970. • A maioria das transformações urbanas contemporâneas consiste em empreendi-mentos privados de grande escala, em geral enclaves fechados relacionados entre si exclusivamente pelas vias de trânsito e pelas redes de comunicações. O tamanho desses empreendimentos permite aos investidores o controle total de todos os seus aspectos, inclusive o urbanismo. • O espaço público perde gradualmente importância e está sendo substituído por espaços coletivos privatizados, comumente relacionados com o consumo e o ócio, mas que não funcionam como pontos de encontro à maneira tradicional, em que há mais hetero-geneidade e liberdade de ir e vir. • A mercantilização da arquitetura. Os edifi-cios passam a ser tratados como objetos de consumo, cuja organização e aparência se-guem as últimas modas ou "tendências".
• A tematização da arquitetura, ou seja, a redução de suas formas visíveis a uma série de postulados determinados pelas disciplinas da comunicação e do marketing.
• A espetacularização da arquitetura: em con-seqüência do desejo de criar arquiteturas impactantes,