Arqueologia do Litoral Brasileiro

Arqueologia do Litoral Brasileiro – Sambaquis

Os sambaquis são ajuntamentos de restos de alimentos, adornos corporais e artefatos, além de servir, também, como cemitério, por grupos voltados a explorar o ecossistema marinho que, há pelo menos 6.000 anos começavam a ocupar uma boa parte do litoral brasileiro. A raiz etimológica da palavra vem da língua tupi (tampa = marisco, e ki = amontoado) (SAMBAQUIS, 2014).
Em um único sambaqui podemos encontrar vestígios do cotidiano destas populações, como resto de pesca e de moluscos, marcas de habitações e de fogueiras, dezenas de sepultamentos e muitos dos instrumentos utilizados nas atividades dos grupos sambaqueiros, como pontas de projéteis em osso, lâminas de machado, anzóis, entre outros.
O estudo dos conjuntos dos sambaquis nos permite traçar o perfil das sociedades sambaqueiras e das articulações entre os diferentes sambaquis, com relações econômicas e hierárquicas próprias e mostra-se muito complexo, pois há muita dificuldade em construir hipóteses sobre a organização de uma sociedade, quando os elementos disponíveis para pesquisa são apenas os elementos preservados pelo tempo.
As pesquisas sambaqueiras são importantes no estudo de aspectos da identidade cultural de um grupo, pois os hábitos alimentares inserem-se como uma das características sujeitas aos modos de organização social. Tais estudos podem fornecer valiosas informações sobre as relações do homem com o seu ambiente, nas questões culturais, antropológicas e biológicas, a partir da identificação do padrão de alimentação e dos modos de sobrevivência, bem como suas inovações tecnológicas e as formas de ocupação territorial.
A análise dos sambaquis revela uma cultura fascinante, cujas pesquisas ainda são incipientes para saciar a sede de inúmeras perguntas que faltam ser respondidas e para que possamos melhor compreender as relações, organizações e mudanças sociais dos sambaqueiros.

GASPAR, Madu. Arqueologia do Litoral Brasileiro. Rio de Janeiro, Zahar,