SAMBAQUIS E PAISAGEM
SAMBAQUIS E PAISAGEM
Dinâmica natural e arqueologia regional no litoral do sul do Brasil
Paulo DeBlasis
Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo (MAE-USP)
Andreas Kneip
Universidade Federal do Tocantins (UFT)
Rita Scheel-Ybert
Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN-UFRJ), Bolsista PROFIX
Paulo César Giannini
Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo (IG-USP)
Maria Dulce Gaspar
Museu Nacional/UFRJ, pesquisadora do CNPq e Cientista do Nosso Estado-FAPERJ
Este artigo apresenta um modelo de ocupação de âmbito regional para a sociedade sambaquieira assentada em uma área no litoral sul de Santa Catarina (aqui designada como paleolaguna de
Santa Marta). Articula, em uma abordagem interdisciplinar, as características da dinâmica geoambiental desta região lagunar e os padrões da ocupação humana no período de 6000 a
1500 anos AP aproximadamente, através de perspectivas de longa duração acerca dos processos naturais e sociais de construção de paisagem. São considerados, de um lado, enfoques relacionados à dinâmica quaternária, mostrando as tendências de assoreamento progressivo do sistema deposicional baía-laguna e a ocorrência pretérita de extensa cobertura vegetal, incluindo a presença de mangue (hoje extinto na área). Apesar deste cenário em constante mutação, as características estruturais deste ambiente lagunar não sofreram modificações profundas permanecendo, do ponto de vista da ocupação humana, estável e bastante produtivo ao longo de todo o período. De outro lado, discutem-se aspectos relacionados à dinâmica da ocupação sambaquieira na região, mostrando a presença de estruturas de organização territorial também bastante estáveis e articuladas em âmbito regional, com epicentro na própria laguna. Este sistema teve grande expansão entre 4,5 e 2 mil anos atrás aproximadamente, período no qual se intensifica a construção de sambaquis monumentais