Arqueologia da psicanálise
PSICANÁLISE é o nome de (1) um procedimento para a investigação de processos mentais que são quase inacessíveis por qualquer outro modo, (2) um método (baseado nessa investigação) para o tratamento de distúrbios neuróticos e (3) uma coleção de informações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas, e que gradualmente se acumula numa nova disciplina científica.
História — A melhor maneira de compreender a psicanálise ainda é traçar sua origem e evolução. Em 1880 e 1881, o Dr. Josef Breuer, de Viena, médico e fisiologista experimental bem conhecido, ocupava-se do tratamento de uma jovem que caíra enferma de grave histeria enquanto se achava cuidando do pai doente. O quadro clínico era constituído de paralisias motoras, inibições e distúrbios de consciência.
Seguindo uma sugestão que lhe fora dada pela própria paciente, pessoa de grande inteligência, ele colocou-a em estado de hipnose e conseguiu que, descrevendo-lhe os estados de ânimo e os pensamentos que eram dominantes em sua mente, retornasse, em cada ocasião específica, a uma condição mental normal.
Repetindo sistematicamente o mesmo laborioso processo, conseguiu libertá-la de todas as suas inibições e paralisias, de maneira que, ao final, achou o seu trabalho recompensado por um grande sucesso terapêutico, bem como por uma inesperada compreensão da natureza da enigmática neurose.
Não obstante, Breuer absteve-se de acompanhar sua descoberta ou de publicar algo sobre o caso até cerca de 10 anos depois, quando a influência pessoal do presente autor (Freud, que retornara a Viena em 1886, após estudar na escola de Charcot) o persuadiu a retomar o assunto e empenhar-se num estudo conjunto dele.
Os dois, Breuer e Freud, publicaram um artigo preliminar em 1893, ‘Sobre o Mecanismo Psíquico dos Fenômenos Histéricos’, e, em 1895, um volume intitulado Estudos sobre a Histeria (que chegou à sua quarta edição em 1922), no qual descreviam seu procedimento terapêutico como