Armas químicas e biológicas
A mesma ciência que inventou os inseticidas produz uma praga terrível: as armas químicas.
Por Fátima Cardoso
Qualquer guerra é um espetáculo sangrento e abominável. Mas até para matar há limites: as armas não devem causar ferimentos supérfluos, cruéis, desumanos ou degradantes. Isso em teoria. Pois o homem inventa, produz, armazena e está pronto para usar um arsenal tão perverso que até a tênue ética da mortandade fica manchada. São as armas químicas, chamadas "bomba atômica dos pobres", pois podem ser preparadas em qualquer país que disponha de uma indústria de fertilizantes químicos ou pesticidas medianamente desenvolvida.
Meses atrás, por exemplo, descobriu-se na Líbia uma fábrica de armas químicas disfarçada de indústria farmacêutica. E uma mostra real desse pesadelo ficou registrada em março do ano passado no ataque iraquiano com gás mostarda à aldeia de Halabja, um lugarejo em seu território que havia sido invadido pelo Irã, habitado pelos curdos. Cinco mil civis foram mortos. Sete mil ficaram feridos. As imagens das vítimas paralisadas em agonia horrorizaram o mundo. Por sua vez, a União Soviética foi acusada de usar gases incapacitantes contra os rebeldes no Afeganistão.
A idéia de aniquilar o inimigo por envenenamento é bem antiga. Já na Índia de 2000 a.C. era comum empregar nas guerras cortinas de fumaça, dispositivos incendiários e vapores tóxicos. O historiador grego Tucídides conta que na Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.) os espartanos colocavam madeira impregnada com enxofre e piche ao redor dos muros das cidades inimigas, criando vapores sufocantes. No fim do século XIX, na Guerra dos Bôeres, na África do Sul, as tropas inglesas inventaram um artifício para lançar ácido pícrico, um explosivo. O engenho não funcionou, mas começaram aí as tentativas de ganhar combates com armas tóxicas. No entanto, com o desenvolvimento da ciência, começou também a fabricação de substâncias poderosamente venenosas para fins