Aristoteles
Aristóteles foi membro da Academia durante 20 anos e, depois da morte de Platão e da escolha do sobrinho deste, Espeusipo, para chefiar a escola platônica, foi para Assos, fundou um pequeno círculo filosófico, tornou-se preceptor de Alexandre (cujo avô tinha sido paciente e amigo do pai do filósofo) e, 11 anos depois de sair de Atenas, regressou e fundou o Liceu.
Apesar de dizer que o saber mais elevado é escolhido por si mesmo (Metafísica, I, 982 a 15), aparentemente sem nenhuma relação com o modo de vida daquele que sabe, Aristóteles, ao estabelecer como finalidade de sua escola não a política, mas a vida filosófica, e determinar a vida filosófica como um gênero de vida consagrado totalmente à atividade do espírito, relaciona a escolha de tal saber, assim, com a vida filosófica - que deixa de ser um meio de produzir mudanças políticas, como em Platão, para ser um fim em si mesmo.
A atividade da razão, que é da ordem da contemplação sobre a realidade, é considerada superior às atividades dos estadistas, que é da ordem da ação sobre a realidade, por envolver qualidades como visar a si mesma, possuir o seu prazer próprio (que estimula ainda mais a atividade da contempação), a auto-suficiência, os lazeres, a isenção de fadiga (na medida em que isso é possível ao homem), qualidades essas que são características do homem sumamente feliz (Ética a Nicômaco, X, 1177 b 20).
“Mas uma tal vida é inacessível ao homem, pois não será na medida em que é homem que ele viverá assim, mas na medida em que possui em si algo de divino" (Ética a Nicômaco, X, 1177 b 27).
Aristóteles considera o intelecto ao mesmo tempo a essência do homem, sua verdadeira personalidade, e a manifestação do divino, o que transcende o homem, como se a essência do homem consistisse em ser superior a si mesmo.
Para Aristóteles, “o espírito é o próprio homem” (Ética a Nicômaco, X, 1178 a 2), e “o que é próprio de cada coisa é, por natureza, o que há de melhor e aprazível para ela (Ética a