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A Corte Portuguesa no BrasilSilvia Drumond Silva Fontes
Os acontecimentos do final do século XVIII, como a Revolução Francesa e a
Revolução Americana, produziram importantes transformações no mundo ocidental, ao abalarem as estruturas do Antigo Regime, tanto no continente europeu quanto nas colônias americanas. O governo de Napoleão deu continuidade aos ideais da revolução francesa, para desespero das monarquias da Europa, com a implantação do Código Civil (1804) nas regiões dominadas pela França. Este código assegurava as principais conquistas burguesas de 1789, servindo de modelo para as demais nações após 1815.
Portugal e Espanha possuíam uma estrutura social rígida, fundamentada nos valores do Antigo Regime, na qual a aristocracia e o clero desempenhavam papel de destaque e o
Tribunal da Inquisição mantinha uma autoridade forte. No caso de Portugal, a difusão das idéias ilustradas se deu pela atuação do Marquês de Pombal (1750-1777), resultando muito mais de iniciativas de uma parcela da própria elite dirigente do que de uma demanda da sociedade. Com os conflitos das monarquias européias nos finais do século XVIII, tanto em
Portugal como em outras monarquias européias, buscava-se impor um programa baseado nos ideais iluministas, a fim de se assegurar a conservação e o engrandecimento do reino, sem, no entanto, comprometer as estruturas do Antigo Regime. Especificamente em
Portugal, houve uma manutenção da estrutura agrária do Antigo Regime paralela a um setor comercial bastante ativo, privilegiado pela política do exclusivo metropolitano, adotada nos extensos domínios coloniais. A Inglaterra permaneceu como uma poderosa aliada.
A situação mostrava-se mais delicada em relação à política internacional. O território português permanecia constantemente ameaçado, desde o fim da União Ibérica
(1640), pelas pretensões expansionistas da Espanha e temia uma aliança entre esta nação e a França. O governo procurou adotar uma posição de neutralidade, mas se viu obrigado a