aristoteles
Há três espécies de disposições morais a ser evitadas: o vício, a incontinência e a bestialidade. As disposições contrárias a duas delas são evidentes: uma chamamos virtude e outra, continência. Se os homens se tornam deuses pelo excesso de virtude, evidentemente deve ser dessa espécie a disposição contrária à bestialidade.
Agora discutiremos a incontinência e a frouxidão (ou efeminação), e também as suas disposições contrárias, a continência e a fortaleza. Considera-se que tanto a continência quanto a fortaleza estão incluídas entre as coisas boas e louváveis, e que tanto a incontinência quanto a frouxidão incluem-se entre as coisas más e censuráveis.
Finalmente, se a continência e a incontinência se relacionam a qualquer espécie de objeto, será incontinente no sentido absoluto? Ninguém apresenta todas as formas de incontinência, mas dizemos que algumas pessoas são incontinentes em absoluto.
Em primeiro lugar devemos investigar se as pessoas incontinentes agem tendo ou não ciência de seus atos, e em que sentido; e a seguir investiguemos com que espécie de objetos se relacionam o homem incontinente e o continente (se com toda e qualquer espécie de prazer ou sofrimento, ou se apenas com determinadas espécies), e se as pessoas continentes e as dotadas de fortaleza são as mesmas ou diferentes; e analogamente no que diz respeito aos outros assuntos da nossa investigação. A bestialidade é um mal menor do que o vício, embora mais assustador, pois não é a melhor parte que se perverte, como no homem: os animais simplesmente não têm uma parte melhor.
Um homem mau causará muito mais mal que um animal irracional. Os homens que gostam muito de divertir-se são também considerados intemperantes, mas na verdade são frouxos. Porque a diversão é um relaxamento da alma, visto que é uma pausa no trabalho; e o homem que gosta demasiadamente de diversões excede-se em tais coisas. Entre as espécies da incontinência, uma é a impetuosidade, e