ariano suassuna
Sobre essa estrada ilumineira e parda dorme o Lajedo ao sol, como uma Cobra.
Tua nudez na minha se desdobra
— ó Corça branca, ó ruiva Leoparda.
O Anjo sopra a corneta e se retarda: seu Cinzel corta a pedra e o Porco sobra.
Ao toque do Divino, o bronze dobra, enquanto assolo os peitos da javarda.
Vê: um dia, a bigorna desses Paços cortará, no martelo de seus aços, e o sangue, hão de abrasá-lo os inimigos.
E a Morte, em trajos pretos e amarelos, brandirá, contra nós, doidos Cutelos e as Asas rubras dos Dragões antigos.
O Mundo do Sertão
Diante de mim, as malhas amarelas do mundo, Onça castanha e destemida.
No campo rubro, a Asma azul da vida à cruz do Azul, o Mal se desmantela.
Mas a Prata sem sol destas moedas perturba a Cruz e as Rosas mal perdidas; e a Marca negra esquerda inesquecida corta a Prata das folhas e fivelas.
E enquanto o Fogo clama a Pedra rija, que até o fim, serei desnorteado, que até no Pardo o cego desespera,
o Cavalo castanho, na cornija, tenha alçar-se, nas asas, ao Sagrado, ladrando entre as Esfinges e a Pantera.
Ariano Suassuna
Ariano Suassuna
Ariano Vilar Suassuna (Cidade da Paraíba, 16 de junho de 1927) é advogado, professor, dramaturgo, romancista e poeta. Rubro-negro apaixonado, Ariano dribla a família e vai sozinho de táxi ao estádio da Ilha do Retiro ver os jogos do Sport.
Nasceu na então Cidade da Paraíba, que hoje é a cidade de João Pessoa, num dia de Corpus Christi. Ariano viveu os primeiros anos de sua vida no Sítio Acahuan, no sertão do estado da Paraíba. Aos três anos de idade (1930), Ariano passou por um dos momentos mais complicados de sua vida com o assassinato de seu pai por motivos políticos, durante a revolução de 1930, o que obrigou a sua mãe, Cássia Suassuna, a levar toda a família a morar na cidade de Paulista, no estado de Pernambuco.
Ainda na cidade de Paulista, Ariano teve