Argumentação e retorica
Parafraseando Olivier Reboul, que dizia ser preciso pensar os slogans para não pensar por slogans, nós dizemos: é preciso pensar a retórica para não se deixar manipular pela retórica. I – Pressupostos teóricos
A análise retórica é uma ferramenta crítica que utiliza princípios retóricos para avaliar a qualidade da interação que se estabelece entre um texto/discurso, um autor/orador e uma audiência.
Neste caso, o texto/discurso pode ser escrito ou oral, literário ou não, pode ser uma imagem, uma fotografia. O autor/orador pode ser quem escreveu/construiu o texto ou um orador que o profere. A audiência será variável e dependente de um contexto: tribunal, jurados, pares, destinatários de um anúncio publicitário, etc.
O que interessa especificamente à análise retórica é avaliar a eficácia da comunicação que se estabelece entre o autor e o auditório através da mensagem.
Sabendo nós que numa situação de comunicação retórica há sempre a exploração de três vertentes – o ethos, o pathos e o logos –, qualquer análise retórica terá de avaliar o seu impacto e o modo como se manifestam no discurso:
A credibilidade e a confiança do orador, o ethos, que não podem ser descuradas. O ethos, segundo o próprio Aristóteles, é o mais importante «argumento» retórico de que dispõe. O estilo e o conteúdo escolhidos para revelar/referir o ethos e até o tom de voz são elementos importantes para levar a audiência a aceitar a mensagem; através do ethos procura criar-se uma dinâmica entre o orador e a audiência que seja favorável ao orador.
A sensibilidade do auditório, o pathos, também tem de ser levada em consideração. O sucesso do discurso depende frequentemente de uma boa administração do pathos: da perceção que o orador tem da audiência e das emoções que consegue despertar.
Por último, o logos – os argumentos, as razões invocadas – mobiliza a adesão intelectual do auditório às teses defendidas pelo