Arcadismo
Os efeitos da Contrarreforma foram sentidos durante todo o século XVII e manifestaram-se fortemente na arte barroca. No século XVIII, entretanto, os eforços dos artistas e intelectuais concetraram-se no combate tanto à mentalidade religiosa quanto às formas de expressão do Barroco. Assim, a arte neoclássica, que no Brasil se manifestou sob a forma de Arcadismo, procura resgatar o racionalismo e o equilíbrio do Classicismo do século XVI como meio de combater a influência do Barroco.
Leitura
Você vai ler a seguir três textos. O primeiro é um soneto de Cláudio Manuel da Costa, o fundador do Arcadismo no Brasil, e o segundo e o terceiro pertencem à obra Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga.
Texto I
Torno a ver-vos, ó montes; o destino
Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte rico, e fino.
Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
Os meus fiéis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.
Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que na cidade o lisonjeiro encanto;
Aqui descanse a louca fantasia;
E o que té agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.
Texto II
Ornemos nossas testas com as flores, e façamos de feno um brando leito; prendamo-nos, Marília, em laço estreito, gozemos do prazer de sãos amores.
Sobre as nossas cabeças, sem que o possam deter, o tempo corre; e para nós o tempo que se passa também, Marília, morre.
Com os anos, Marília, o gosto falta, e se entorpece o corpo já cansado: triste, o velho cordeiro está deitado, e o leve filho, sempre alegre, salta.
A mesma formosura é dota que só goza a mocidade: rugam-se as faces, o cabelo alveja, mal chega a longa idade.
Que havemos de esperar, Marília bela? que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde, já vêm frias, e pode, enfim, mudar-se a nossa estrela.
Ah! Não,