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A criatividade e determinação de Oscar Niemeyer, o arquiteto que rompeu padrões, criou um estilo e desafiou os limites da engenharia. Entre o belo e o funcional, optou pela surpresa e a invenção
Para o maior arquiteto brasileiro de todos os tempos a vida sempre foi mais importante do que a arte. A arte em que transformou cada pedaço de sua arquitetura, com uma dedicação de corajosa modernidade até a morte, aos
104 anos. Quando jovem foi boêmio incontrolável, adulto filiou-se ao Partido
Comunista e criou espaços, formas e curvas domando o concreto, desafiando o cálculo e a lógica. Porém, em todas as suas empreitadas, o que mais o atraía eram os encontros, as conversas com os amigos, que colecionou com rara disponibilidade e com o peito - e bolso - abertos. "Sou simples, aberto para a vida, apto a aceitar todas as mudanças que os tempos estabelecem.“
Seu nome virou sinônimo de sua arquitetura - assinada e convicta. O estilo espalhou-se pelo mundo, influenciou gerações, provocou ódios e paixões, mas cumpriu o propósito do autor: indiferente ninguém fica. Prolongou sua atividade profissional até os os últimos dias de vida. Viúvo desde 2004, anunciou que iria se casar novamente aos 98, surpreendendo a todos ao se unir a Vera Lucia, de 60, sua ex-secretária.
No Rio de Janeiro, em 15 de dezembro de 1907, numa casa assobradada em Laranjeiras. Ali, Oscar Niemeyer Soares Filho veio ao mundo, viveu, cresceu, se casou com Annita e também nasceu sua única filha, Anna Maria (1931-2012). Tinha seis janelas na fachada e, no frontispício, as iniciais RA, de seu avô Ribeiro de Almeida. "Meu nome deveria ser Oscar Ribeiro Soares ou Oscar Ribeiro de Almeida de
Niemeyer Soares, mas prevaleceu o nome estrangeiro. Minhas origens são muitas, o que me agrada particularmente: Ribeiro e Soares, portugueses, Almeida, árabe, e Niemeyer, alemão. E isso sem levar em conta algum negro ou índio."
O primeiro Niemeyer chegou ao Brasil junto com dom João VI, em
1808.