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O nascimento do mundo atlântico
A CONFIGURAÇÃO DA REGIÃO DO ATLÂNTICO
As navegações europeias no Atlântico durante o século XV iniciaram um novo e inaudito capítulo da história da humanidade. Além de os marinheiros europeus fornecerem rotas oceânicas diretas para as áreas que estavam em contato com a Europa, através de caminhos por terra muito mais custosos e de difícil acesso (como a África ocidental e a Ásia oriental), os navios alcançaram locais que não haviam anteriormente mantido contato recíproco com o mundo externo. Esse fato é obvio no caso dos continentes americanos, e os historiadores focaram diretamente sua atenção para esse imenso mundo novo em suas discussões sobre o período. Porém, não foram só os americanos que fizeram contatos externos, pois quase toda a região centro-oeste da África, no sul da atual República dos Camarões, também não tinha comunicações com o mundo externo, apesar de fazer parte geograficamente do território cujas regiões orientais e ocidentais tinham conexões de longa data com o Mediterrâneo o e oceano Índico. Nesse sentido, além de facilitar e intensificar as relações entre diversas regiões do Velho Mundo (que neste caso também incluía a África ocidental), a navegação europeia iniciou conexões entre o Velho Mundo e os dois novos mundos – as duas seções do continente americano e a região centro-oeste da África.
O historiador francês Pierre Chaunu argumentou que a mais importante consequência da navegação europeia tenha sido talvez o que ele chama de “desencrave” – o fim do isolamento em algumas áreas e o aumento dos contatos intersociais em muitos locais. Isso levou a crescente fluxo de ideias, bem como de comercio em todo o mundo, e por fim, conduziu a uma economia mundial unificada e com níveis mais altos de desenvolvimento econômico. Desse modo, a abertura do Atlântico foi crucial nesse processo, sobretudo porque só nele o verdadeiro isolamento foi rompido.
Entretanto, o nascimento do mundo atlântico também envolveu uma