Apreciação crítica equador
EQUADOR Miguel Sousa Tavares
A escolha de um livro para ler, contrariamente ao que seria esperado, não é para mim, e acredito para muitas outras pessoas, tarefa fácil. Olhando de relance para uma estante, no meio de tantos livros há sempre um que, inexplicavelmente, nos retém o olhar. Será apenas pela cor, um título, uma imagem, ou mais comumente, porque a máquina publicitária nos invadiu com indicações de livro a não perder, campeão absoluto de vendas.
Curiosamente, a minha escolha foi, tão simplesmente, porque a minha mãe mo recomendou.
Logo de início, a nota introdutória deixou antever algum mistério que eu tanto aprecio. “Equador: linha que divide a terra em hemisfério norte e sul. Linha simbólica de demarcação, de fronteira entre dois mundos. Possível contracção da expressão “é com dor” (“é-cum-a-dor”, em português antigo).
Equador é um romance histórico que, através da história de um homem, Luís Bernardo, nos transporta para um período complexo da história portuguesa, início do século XX e fim da monarquia, e através de uma escrita muito descritiva e rica nos vai envolvendo na descoberta de um mundo muito diferente do dos nossos dias.
Luís Bernardo é um empresário de 37 anos, bem formado, esclarecido e com visão estratégica, que trabalha em Lisboa, no escritório da companhia de navios herdada do seu pai, e que leva uma vida mundana e despreocupada, com alguns romances pelo meio.
Luís Bernardo nutria o gosto pela escrita, e tinha já escrito sobre a questão colonial, defendendo uma política colonial moderna que fosse lucrativa em termos comerciais e económicos. Além de que demonstrava algumas preocupações humanitárias e civilizacionais.
Movidos pela ganância e sob uma capa de humanistas e defensores dos direitos humanos, alguns países colonizadores europeus, entre eles a Inglaterra, incentivam o boicote à compra do cacau de São Tomé, alegando o uso ilegal de trabalho escravo nas plantações, tudo não passando