apostila genetica molecular
revista do hospital de crianças maria pia ano 2010, vol XIX, n.º 1
Clonagem Reprodutiva
Dalva Alves da Neves1
RESUMO
O homem anseia em si perpetuar, podendo para isso ultrapassar barreiras éticas, na tentativa de preservar o seu patrimônio genético e se imortalizar.
Criar um ser à sua imagem e semelhança, desde os primórdios da civilização é um sonho do homem, que com a divulgação da ovelha Dolly (05/07/1996), tornou possível. O grande desafio atual é conciliar o saber humanístico e cientifico na busca da felicidade, pois as fronteiras biológicas estão sendo derrubadas, e devemos refletir no utilizar indiscriminado da ciência.
A clonagem terapêutica é atualmente aceita por muitos países, porque oferece á medicina a oportunidade de repor tecidos perdidos e de tratar várias doenças etc. A clonagem reprodutiva dos seres humanos é proibida por quase todos os países e é considerado um ilícito penal, podendo levar ao empobrecimento da diversidade genética. A conferência geral da UNESCO (11/11/1997) diz “as práticas contrárias a dignidade humana, não devem ser permitidas”; sendo reiterada esta idéia na Declaração das Nações Unidas
(08/03/2005). Por este motivo, a clonagem é um desafio ético atual, podendo constituir uma ameaça ao patrimônio genético da humanidade.
Nascer e Crescer 2010; 19(1): 34-40
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Vice-presidente do CRM-MT; aluna do
2º Curso de Doutoramento em Bioética da Universidade do Porto e do Conselho Federal de Medicina
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INTRODUÇÃO
“Não ser ninguém além de mim mesmo – em um mundo que está fazendo possível, dia e noite, para nos transformar em qualquer outra pessoa – significa travar a mais dura batalha que qualquer ser humano é capaz de travar e jamais parar de lutar.”
Edward E. Cumming, 1958
A palavra clone surgiu na língua inglesa no início do século XX, para identificar indivíduos idênticos geneticamente.
A sua origem etimológica é da palavra grega Khon, que quer dizer broto