apostila de portugues
Crítica sociológica a partir do livro A Metamorfose, de Franz Kafka
Magali Moser
Jornalista e pós-graduanda em Estudos Literários
O mais famoso livro do escritor tcheco Franz Kafka não conta apenas a história do homem transformado em um inseto monstruoso. Ao narrar a trajetória do caixeiro-viajante Gregor Samsa - que ao acordar vê o próprio corpo metamorfoseado em um bicho com “dorso duro e inúmeras patas” - o escritor consegue, através de metáforas, contextualizar a condição humana e os dramas psíquicos da sociedade. Considerando o conceito usado no livro “Teoria Literária: abordagens históricas e tendências contemporâneas”, de que crítica sociológica é aquela que procura ver o fenômeno da literatura como parte de um contexto maior, uma sociedade, uma cultura, a obra enquadra-se como exemplo concreto da concepção da produção literária como reflexo do contexto social de uma época.
A literatura não é um fenômeno independente, nem a obra literária é criada apenas a partir da vontade e da “inspiração” do artista. Ela é criada dentro de um contexto; numa determinada língua, dentro de um determinado país e numa determinada época, onde se pensa de uma certa maneira; portanto, ela carrega em si as marcas desse contexto. Estudando essas marcas dentro da literatura, podemos perceber como a sociedade na qual o texto foi produzido se estrutura, quais eram os seus valores.
O drama do personagem Samsa se assemelha à vida de um trabalhador comum que exerce atividades burocráticas. Ao relatar as experiências do inseto que se esperneia tentando voltar à posição natural, ele mostra as tentativas de se rebelar contra as imposições da sociedade. O caixeiro-viajante só consegue romper com o automatismo, a dominação e a alienação das atividades diárias e da rotina, na condição de inseto. Com ironia, Franz