Apontamentos acerca da aproxima o entre os pluralismos de F
Fabiano Pinto1
Resumo: Neste escrito busca-se aproximar as perspectivas apresentadas por F. Nietzsche e H. Putnam no que tange à relação entre fato e valor/interpretação.
Palavras-chave: Fato – Interpretação – Nietzsche – Putnam – Valor.
Em fragmento póstumo de 1884, Nietzsche registra: não “há fatos imediatos” e acrescenta, logo em seguida, que isso igualmente ocorre “com sentimentos e pensamentos” (Fragmento póstumo 26 [114] do verão outono de 1884), o que representa, nesse contexto, que até mesmo sentimentos e pensamentos são signos de alguns processos que ao serem tomados como inevitavelmente unívocos representam não mais que uma simplificação ou falseamento. Hilary Putnam, por seu turno, sublinha que as “descrições corretas de mundo” não são sinônimos de “objetividade” e acrescenta que o equívoco de considerá-las enquanto tal consiste em afirmar que “objetivo” quer dizer “correspondência com os objetos”. Dado o exposto, neste escrito nosso intento é aproximar essas perspectivas pluralistas colocadas em relevo por Nietzsche e Putnam, iniciando pelo autor de Para além de bem e mal.
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Em fragmento póstumo do final de 1886/primavera de 1887, ao reportar-se à ideia básica do perspectivismo, denominação corriqueira de sua teoria do conhecimento, Nietzsche escreve: “não há fatos, apenas interpretações” (Fragmento póstumo 7 [60] do final de 1886/primavera de 1887) e acrescenta que o mundo é interpretado por nossos afetos, o que expressa “uma certa necessidade de dominação” uma vez que “cada um possui sua perspectiva que ele quer impor como norma a todos os outros afetos.” (idem, ibidem). Contudo, antes de avançarmos nessa relação entre perspectivismo e interpretação, voltemo-nos brevemente ao conceito nietzschiano de vontade de potência.
Em 1883 Nietzsche concebe a vontade de potência como orgânica e própria de todo ser vivo, ademais, em tentativa de suprimir a distinção