Aparencia e realidade
A obra “Os problemas da filosofia” do filósofo britânico Bertrand Russell foi produzida com o intuito de popularizar a filosofia, e, com tal propósito, Russell inicia o livro com um capítulo que investiga a distinção entre aparência e realidade. Mostra que até mesmo as coisas mais simples do cotidiano podem vir a se tornar matéria para inquirições filosóficas, transformando o nosso modo de ver o mundo e trazendo de volta nosso interesse acerca dele.
Deste modo o papel da filosofia é evidenciado logo no início do capítulo: reavaliar tudo o que conhecemos, pois por vezes, o que nos parece óbvio, posteriormente se mostra contraditório. Assim se justifica a questão: Existe algum conhecimento tão certo do qual não possamos duvidar? E a resposta a essa questão será negativa se tivermos em vista os argumentos apresentados por Russell no decorrer do capítulo.
De fato o conhecimento nos advém de nossas experiências presentes, daquilo que atinge os nossos sentidos, ou seja, os dados sensíveis. Porém Russell evidencia que no momento em que nos debruçamos sobre o que pensamos conhecer e o analisamos, surgem dúvidas sobre a realidade daquilo que percebemos ou, de outro modo, duvidamos a respeito da natureza daquilo que atinge a nossa sensibilidade.
Pois, uma vez que cor, textura, e forma estão sujeitos a diferentes modos de serem percebidos, dependendo da perspectiva adotada pelo observador no caso da forma, da incidência de luz sobre o objeto no caso da cor e também no que se refere a instrumentos que potencializem os nossos sentidos, como o microscópio no caso da textura, não há como, pensando nas diversas formas de percepção que existem sobre um mesmo objeto, depositarmos a mesma confiança nos sentidos que tínhamos antes de começarmos a investigação.
Então é que surge, inelutavelmente, a distinção entre aquilo que chega a nossos sentidos e o ser da coisa mesma, a distinção entre aparência e realidade. E se deixando levar pela dúvida, cogitamos,