Análise
Falar sobre o tempo em Moll Flanders é analisar a forma utilizada pelo escritor Daniel Defoe para escrever a conturbada história vivida pela protagonista em primeira pessoa. Por se tratar de uma vida “já vivida”, a personagem relata fatos da sua vida (casamentos, separações, filhos, roubos, prisão, etc.) que já ocorreram há tempos, ou seja, o romance Moll Flanders é escrito em um tempo diferente da narrativa, que aparece oras como no “presente” – onde parece que a ação está acontecendo enquanto está sendo relatada -, mas esse relato é cortado pela interferência atual da narradora, como pode ser visto em exemplos que serão citados abaixo.
O romance se inicia com uma explicação da personagem:
“Meu verdadeiro nome é bastante conhecido nos arquivos ou registros das prisões de Newgate e Old Bailey, e certos processos de maior ou menor importância relativos à minha conduta pessoal encontram-se ainda pendentes. Por isso não se deve esperar a inclusão de meu nome ou de especificações sobre a minha família, nesta obra. [...]”
Nesse trecho, ela justifica o motivo pelo qual não poderá relatar, com certos detalhes, a sua conturbada história, uma vez que, assim, ela poderá ser condenada. E ela ainda afirma: “Quem sabe se, após a minha morte, tudo venha a ser mais bem esclarecido”. Dessa forma, já se pode concluir que, por haver uma divergência entre ou tempo narrado e o tempo em que a história ocorreu, os fatos narrados terão passado por um “filtro interno” da própria personagem, que poderá escolher com mais cuidado o que pode contar, como pode contar e quando deve contar. Além do que, pode-se perceber que a personagem está em uma constante busca interna para relatar sua história.
Como aparece nos seguintes trechos:
“A descrição me impede de revelar os segredos do leito nupcial, mas nada de mais favorável podia ter acontecido no meu caso do que ver meu marido, como disse anteriormente, encontrar-me no leito bêbado a tal ponto que não se