ANÁLISE
GÊNERO LITERÁRIO – O MARAVILHOSO E O FANTÁSTICO
FLAVIO GARCIA (UERJ)
RODRIGO DE MOURA SANTOS
ANGÉLICA MARIA SANTANA BATISTA
I. Há gêneros literários que apresentam, como marca distintiva de maior importância, a presença do insólito no universo ficcional. O
Maravilhoso, incidente e próspero tanto na literatura da Antigüidade
Clássica quanto na do Medievo, seria a matriz dessa esteira de gêneros narrativos, com fartos exemplos na tradição épica, desde as epopéias gregas até as canções de gestas e os romances do ciclo arturiano. O século XIX, no bojo das discussões cientificistas e racionalistas, alimentadas desde Giordano Bruno (1548 – 1600), Galileu Galilei (1564 – 1642), Charles Darwin (1809 – 1882), presenciou o apogeu do Fantástico, que eclodira nos séculos imediatamente anteriores. A primeira metade do século XX, sob as influências do pensamento de Karl Max (1818 – 1883) e de Sigmund Freud (1856 –
1939), as crises do capitalismo tanto na Europa quanto nos Estados
Unidos, os cenários pré e pós Grandes Guerras Mundiais e a consolidação de novas nações independentes e a formação do bloco comunista, fermentou um novo gênero, o Realismo Maravilhoso. A segunda metade do século XX, com as desilusões do pós-Segunda
Grande Guerra Mundial, as novas ditaduras imperialistas apoiadas pelos mais fervorosos governos democratas, o desmoronamento do sonho social-comunista e, com uma única certeza, a de que, mais
cedo ou mais tarde, “tudo que é sólido desmancha no ar”, experimentou um novo gênero, alimentado por seus antecessores, mas até hoje ainda não nomenclaturado pela tradição crítico-teórica: o novo gênero seria uma amálgama das experiências multifacetadas e fugidias da contemporaneidade, coroando apoteoticamente a presença do insólito na arte, na literatura, na narrativa ficcional.
Ainda que esses gêneros aqui apresentados, fora outros próximos como o Estranho e o Sobrenatural, marquem-se distintivamente