Análise "wilson simonal: ninguém sabe o duro que dei"
Produzido por Claudio Manoel, Micael Langer e Calvino Leal, o filme “Ninguém Sabe o Duro que Dei” (2008) conta a história de Wilson Simonal, cantor de grande sucesso nos anos de 1960 e início de 1970, que devido às suspeitas de envolvimento com o regime militar teve sua carreira interrompida.
O documentário, que conta com a participação de personalidades contemporâneas a Simonal, como Artur da Távola, Ziraldo, Sérgio Cabral, Chico Anísio e Tony Tornado, se apresenta, em uma primeira fase, como um hino de exaltação a carreira do cantor. Ignorado pelas classes artísticas e intelectuais, que lutavam contra a ditadura, Wilson Simonal teve, por muitos anos, sua trajetória sumariamente apagada da história da música popular nacional. Em vias disso, os roteiristas têm a preocupação de retratar a imagem do cantor, apresentar o seu grande talento, personalidade e forte conexão que tinha com o seu público. Para isto, cenas marcantes são levadas às telas, como a de seu dueto com Sarah Vaughan e um momento em que rege o Maracanãzinho lotado. Resgate justo, que é, também, usado como instrumento de reaproximação afetiva entre telespectador e artista, de modo a tentar legitimar a versão sobre os fatos apresentada na segunda fase do filme.
A etapa final do documentário tem como tema central todo o processo que levou Simonal ao ostracismo. Com a suspeita de estar sendo roubado por seu contador, Wilson o entrega a agente do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) para lhe darem uma surra. O caso vai parar na Justiça, onde Wilson Simonal, segundo consta no processo, afirmou ser colaborador dos órgãos de informações das Forças Armadas.
Para analisar essa etapa, é preciso ter a percepção que parte da mídia, hoje, empreende um esforço para reescrever a história de Wilson Simonal. Atualmente, não mais o pintam como um delator, o apresentam como uma pessoa ingênua, vítima de preconceitos (racial e social) e que foi extremamente injustiçada pela opinião