Análise: teresa (manuel bandeira)
Manuel Bandeira, poeta pernambucano, foi capaz de encontrar a poesia nas coisas simples da vida. Conhecido como ‘Narrador de si mesmo’, fez de sua obra uma caminhada autobiográfica. Alcides Vilaça no ensaio ’O Resgate íntimo de Manuel Bandeira’ analisa a peculiaridade do autor no aprofundamento das situações vulgares, dando-lhes profundidade e singularidade.
“No impulso da simplicidade, com que logo nos cativa, a poesia de Bandeira projeta-nos a um só tempo no interior e na contramão do cotidiano: no interior, porque os elementos poéticos estão todos nele, reconciliáveis e familiares (inclusive os sonhos e as fantasias); e na contramão, porque a composição poética desses elementos, com seus critérios de proximidade atenta e afetiva, contraria o estado de dispersão e a impessoalidade que lhes impõe o ritmo moderno”.
Influenciado pelas vanguardas europeias, adere ao movimento iniciado, no Brasil, por um grupo de jovens intelectuais: o Modernismo. Tal movimento foi fortemente influenciado pelo Simbolismo, notamos o fato, em especial, nas poesias de Manuel Bandeira. Observando, de forma geral, a sequência de suas obras, notamos uma gradual separação do rigor parnasiano e uma busca pela linguagem e estética puramente modernistas. Vale salientar que, mesmo em sua obra de maior cunho modernista, a musicalidade e a ênfase imagética – características essencialmente simbolistas – permanecem presentes, como ressalta Julio Cesar Machado de Paula, em sua tese Manuel Bandeira e Claridade: Confluências Literárias entre o modernismo brasileiro e o cabo-verdiano (p. 39, 2005).
Libertinagem foi sua primeira obra essencialmente moderna. Composto por 38 poemas, sendo dois deles em francês, conseguimos notar o distanciamento das formas tradicionais e a aproximação com o ideal modernista. A poesia escolhida para este trabalho faz parte desse momento do autor. Apresentarei os principais aspectos estéticos e uma interpretação para a poesia Teresa.