DIÁLOGO MARIO E BANDEIRA
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Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa
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20 CULT - abril/2000
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s cartas que mando pra você são suas. Se eu morrer amanhã não quero que você as publique. Nem depois da morte de nós dois quero um volume como o epistolário Wagner-Lizt. Essas coisas podem ser importantes, não duvido, quando se trata dum Wagner ou dum Lizt que fizeram arte também pra se eternizarem. Eu amo a morte que acaba tudo. O que não acaba é a alma e essa que vá viver contemplando Deus. (de Mário de Andrade para Manuel Bandeira, 25/01/1925).
Para nossa felicidade, o destinatário das cartas de Mário de Andrade não atendeu ao pedido do missivista compulsivo, adivinhando, sob a máscara da modéstia, o esforço guaçu por ele realizado no sentido de nos legar um dos mais significativos documentos da vida intelectual brasileira deste século. Prova disso é a publicação da correspondência entre Mário de Andrade e Manuel
Bandeira, primeiro volume de uma coleção organizada pelo Instituto de
Estudos Brasileiros (IEB), da Universidade de São Paulo, em parceria com a Edusp, e que permite, graças à divulgação da correspondência passiva do
Como não lembrar, em Mário, da curiosidade perpetuamente em via de satisfação, de suas convicções transitórias, sua busca incessante em face da qual as respostas representariam o descanso em vida, parar mais detestável que a morte1? Com a diferença talvez de que
Mário nunca se liberta completamente da coação exercida pela necessidade de coerência, donde a imensidão de explicações pontuando cada gesto ou afirmativa seus e a força com que retruca às afirmativas vibrantes de Bandeira com uma análise muito de máquina, cheia de rodinhas cada uma bem no lugar, cheia de polias, cheia de relógios etc. (p. 362).
Comentando as estratégias de divulgação do modernismo, as rixas entre
panelas literárias, batendo-se em defesa
da