Análise do texto "Carta de um louco" de guy maupassant
A visão de John Locke, em linhas gerais, sobre o processo do conhecimento é que ele resulta de experiências, as quais se originam da combinação dos cinco sentidos. Os cincos sentidos são capazes de prover-nos de sensações a cerca do mundo ao nosso redor, de tal modo que nos conduza ao processamento de novas informações. O personagem de Guy de Maupassant, em “Carta de um Louco”, vai de encontro a esta visão. Para o dito cujo, o conhecimento baseado em experiências sensoriais, adquirido ao longo de sua vida é o causador do singular mal que atormenta a sua alma.
O remetente da carta crê que a percepção de mundo, sob o prisma sensorial, é fonte incertezas, de acordo com o próprio: “Incertas, porque são apenas as propriedades de nossos órgãos que determinam para nós as propriedades aparentes da matéria” (MAUPASSANT, p.55). De tal modo, que para justificar-se, ele descreve e analisa os sentidos e elucida o porquê de seu posicionamento. Após tal análise ele diz:
Enganamo-nos, pois, julgando o Conhecido, e estamos cercados pelo Desconhecido inexplorado. Logo, tudo é incerto e apreciável de maneiras diferentes. Tudo é falso, tudo é possível, tudo é duvidoso. Formulemos esta certeza servindo-nos do velho ditado: “Verdade desde lado dos Pirineus, erro do outro lado”. (MAUPASSANT, p.58)
Tal assertiva poderia ser muito bem atribuída a René Descartes. Tal afirmação se explica, pois Descartes acreditava veementemente que os sentidos eram fonte de equívocos e por consequência, a razão sobrepujava a experiência sensorial. Contudo, a visão apresentada pelo autor da carta não tem cunho racionalista já que, ele não discute o processo cientifico de formação do conhecimento. A visão dele nada tem a ver com essa proposta, poder-se-ia dizer que ela passa longe disso. A intenção da carta é discutir a percepção a cerca da vida. De tal modo, o total desconhecimento desta é o que causa assombro no autor e acarreta em dúvidas