Análise do poema X de "O Guardador de Rebanhos" de Alberto Caeiro
Neste poema, o poeta usa o diálogo entre as duas personagens já citadas, para dar a conhecer duas perspectivas opostas de ver a realidade. QUE PERSPECTIVAS SERÃO ESSAS? A do pastor é objectiva porque nela dominam apenas as sensações; a do seu interlocutor é subjectiva, porque é criada pelo pensamento.
Enquanto alguém que pretende conhecer a natureza tal como ela é, Alberto Caeiro revela, através do pastor a sua crença de que nessa natureza não existem significados escondidos: as coisas são o que são, não vale a pena pensar que há algo para lá da aparência. CONSEGUEM DIZER O VERSO EM QUE SE ENCONTRA SINTETIZADA ESTA IDEIA? É esta ideia que se encontra no 2º verso da última estrofe: “o vento só fala do vento”.
O confronto entre sentir e pensar está bem presente neste poema: o pastor apenas vive de sensações (o vento é apenas vento que passa, passou e continuará a passar- 2ªestrofe), tudo o que não sejam sensações é pura mentira (vejam-se os 3 últimos versos); por sua vez, o interlocutor do pastor vive atormentado pelo pensamento (as memórias, as saudades e as coisas que nunca existiram- 3ªestrofe). CONSEGUEM IDENTIFICAR QUEM É O PASTOR E QUEM É O SEU INTERLOCUTOR? Pastor é Alberto Caeiro e o seu interlocutor é, muito provavelmente, Fernando Pessoa Ortónimo.
Encontra-se, neste poema, uma característica importante da obra de Alberto Caeiro: a ausência de toda e qualquer subjectividade, que abre caminho para a ideia de que ser é a única realidade que interessa. O pastor (ou Alberto Caeiro) surge, então, como o oposto de Fernando Pessoa Ortónimo, que vê para além da aparência; pode ser visto como o elemento que destrói a atitude racionalista