Análise do poema motivo, de cecilia meireles
Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa 2. Nestes versos, o uso do tempo presente indica a valorização do instante, do momento; o que importa é a plenitude da vida no agora. É quase um aviso: o eu lírico mostra que não se apega ao passado ou ao futuro, a vida é boa no presente.
Não sou alegre nem sou triste sou poeta. 3. Primeira aparição de antíteses; nesse caso as conjunções não e nem mostram a indiferença e a imparcialidade do eu lírico.
Irmão das coisas fugidias; não sinto gozo nem tormento 4. Neste momento, o eu lírico se coloca no mesmo patamar das coisas passageiras, breves, ilusórias; a esfera em que se encontra é efêmera. O eu lírico é livre, não se prende. Novamente a oposição de dois elementos: gozo e tormento. Mais uma vez aparecem as conjunções não e nem, o que me faz pensar em um eu lírico quase que impenetrável.
Atravesso noites e dias no vento. 5. Antítese. A inconstância do viver; tom melancólico; a leveza e a delicadeza com que é tematizada a passagem do tempo, verso imagético, como se estivesse representando a transitoriedade da vida. Nessas duas primeiras estrofes, percebemos a ocorrência de rimas ricas, entre palavras de classes gramaticais diferentes.
Se desmorono ou edifico, se permaneço ou desfaço 6. As oposições entre os elementos juntamente com a conjunção se, demonstram a inquietação do eu lírico acerca da importância de sua poesia – é algo que fica ou que se perde?
- não sei, não sei. Não sei se fico ou se passo. 7. Aqui, a indefinição, a dúvida do eu lírico mostra-se sem resposta. A repetição da expressão não sei mostra que ele não consegue dar conta de achar uma resposta que satisfaça seu questionamento. A oposição entre fico e