Análise do filme "A classe operária vai ao paraíso" com o texto "O Fordismo" de David Harvey
Lulu é um operário ideal. Não conversa no trabalho, extremamente preciso em seus movimentos e empenhado a produzir o máximo possível. Ao chegar em casa, exausto, não possui furor sexual suficiente para satisfazer sua mulher, porém possui furor consumista para gastar todo seu salário em mimos para sua esposa e filho. O personagem principal do filme “A classe operária vai ao paraíso” é filho do fordismo. Sistema criado por Henry Ford no século XX, constitui-se não somente na busca de produtividade, mas ao maior esforço coletivo já visto para criar um novo tipo de trabalhador e um novo tipo de homem. Nessa organização tudo é massificado. A produção é em massa, o consumo é em massa e o trabalho é massa. O desenvolvimento industrial criou uma quantidade de bens sem precedentes. O destino dessa quantidade colossal de mercadorias é absorvido por uma população com novos padrões de vida. Por fim, o trabalho é mecânico. Não se distingue o homem da máquina. Ambos são irracionais e trabalham de maneira ritmada, ou ainda, o homem é quem trabalha no ritmo da máquina.
Porém, o trabalho era apenas um dos pilares que sustentavam o fordismo em seu funcionamento. Deveria haver um impulso para toda essa mudança de comportamento. Assim, incluia-se o Capital, dinamizando as transformações, sendo fator determinante à medida que ele buscava se reproduzir. Acompanhando o crescimento econômico mundial e a internacionalização de suas relações, teve como centros mundiais locais como a região Ruhr-Reno, o Meio-Oeste Americano, as terras médias do Oeste da Grã-Bretanha e, principalmente, Nova Iorque. Acontecia, dessa forma, a criação de uma dinâmica financeira externa às fronteiras nacionais, possibilitando a disponibilidade de uma grande quantidade de matérias-primas e um massivo mercado consumidor.
Contudo, o Capital possui instabilidades devido à sua volatilidade. Entra em cena o último fator do tripé formado: o Estado. Tendo por função