organização do trabalho
No filme “A classe operária vai ao paraíso”, o operário Lulu se compara a uma máquina em diversas situações do cotidiano. "A comida desce e aqui tem uma máquina que amassa. E esta pronto pra sair. Como numa fábrica. O indivíduo é como uma fábrica!" - Nesta passagem, Lulu explica à sua mulher sua digestão como sendo um processo produtivo em uma fábrica (que no caso seria ele), demonstrando o quão intrínseco se torna o processo industrial à vida do operariado. Paralelamente, o sociólogo Robert Castel, em sua analise sobre a mesma época em que o filme se passa, ilustra essa mecanização do trabalhador, que era fixado no seu posto de trabalho e tem seu processo de labor racionalizado ao máximo no quadro de uma gestão de tempo exata, recortada, regulamentada.
No documentário, os operários eram supervisionados e controlados por técnicos, que também eram responsáveis por estabelecer o número de peças produzidas por hora. Isso ocorre pois, “a produção de massa exige, por si mesma, distinções entre um pessoal de pura execução (é o caso do operário especializado) e um pessoal de controle ou de manutenção (o operário técnico)”. Dessa maneira, observamos que, por mais que os operários sejam tratados de maneira homogênea, essa homogeneização é limitada, pois o trabalho manual e administrativo são separados.
O protagonista do filme demonstrava um elevado auto controle sobre seu trabalho, ritmatizando-o. Sua estratégia de concentração otimizava sua atividade, e chamou a atenção dos operários técnicos – que passaram a pressionar as demais parcelas do operariado a aprimorar o seu trabalho. Uma simples distração em seu serviço de alto teor técnico foi suficiente para que houvesse perda de ritmo e até a perda de um de seus dedos, levando ao fim de sua dedicação infíma ao labor. 2. PAPEL DOS SINDICATOS (X PAPEL DOS ESTUDANTES) O filme “A classe operária vai ao paraíso” retrata o papel dos estudantes de maneira análoga ao papel dos sindicatos