Análise do filme fé demai
Fé demais não cheira bem
Por Ludmila Vieira
Jonas, uma espécie de “pregador itinerante” junto com sua equipe intitulada de “anjos da misericórdia” sai de cidade em cidade realizando um verdadeiro show da fé que mais se parece com um espetáculo circense. A fé é o grande mercado onde Jonas e sua equipe encontra a oportunidade de estorcer dinheiro de fiéis, que em busca de alcançar a cura ou qualquer outro tipo de benção se dispõem a pagar qualquer valor.
Jonas é um bom observador e consegue persuadir as pessoas por onde passa. Utilizava-se dos problemas enfrentados nas cidades por onde passava, analisava a personalidade das pessoas e suas crenças e apresentava-se como a solução.
Sem conhecer o pai e abandonado pela mãe Jonas passa parte de sua vida em um orfanato religioso e enfrenta problemas com drogas, trapaças e roubos.
De certa forma Jonas transfere ânimo e impulsiona as pessoas a não se conformarem com sua vida mesquinha, pobre e sem esperança.
O filme aborda vários aspectos a serem analisados sendo eles: fé, símbolos (cruz, imagem de cristo crucificado), a relação com o sagrado, rito, teologia da prosperidade, a figura do pastor, revelação, milagre, a influência da religião ou da fé na economia, a influência da música no emocional das pessoas, o encontro com o sagrado.
O sagrado é experimentado como estando presente aqui e agora. Ele se mostra num objeto, numa pessoa ou acontecimento. A fé é de caráter sacramental, o ato de crer sacraliza o pastor e o torna portador do sagrado (hierofania?). Diante dele e de suas ações (gesto, palavras, ajoelhar-se, pular, dançar) as pessoas são tomadas de reverência, êxtase, alegria, fascinação, espanto, e veneração. O ato de crer não se dirige mais para o incondicional, mas para o representante do incondicional. Ele é identificado como o próprio sagrado. (Tillich). Nesse contexto o mistério hierofaniza-se no pastor. Tornando-o outra coisa, e, contudo, continua a ser ele mesmo, porque continua