Análise do filme crash
CRASH- No Limite. Roteiro,produção e direção de Paul Haggis. EUA: LIONS GATE FILMS INC./ IMAGEM FILMES, 2004.113 minutos, DVD.
A partir de uma idéia surgida quando ele próprio se envolveu em um acidente automobilístico, Paul Haggis criou diversas situações entrelaçando vários personagens sem aparente vínculo na Los Angeles, um dos grandes celeiros de diversidade da América atual. Los Angeles, aliás, tem sido o cenário preferido para este tipo de filme. Robert Altman já tinha utilizado a cidade em seu arrebatador Short Cuts - Cenas da Vida, e Paul Thomas Anderson brilhou com o marcante Magnólia, um dos mais importantes filmes da década passada. Não por acaso que Haggis a escolheu para traçar sua história sobre identidade e racismo numa produção curta, rápida e direta que intencionalmente provoca no expectador a necessidade de reconhecer suas próprias camuflagens e assumir sua responsabilidade quanto às problemáticas sociais existentes, como o ódio racial, cultural e xenófobo.
Haggis, hoje com 52 anos, já trabalhou em diversas séries, ainda que com um filme no currículo (Hoje é dia de Rock), consagrou-se finalmente no cinema quando escreveu e produziu o premiado Menina de Ouro, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor roteirista. Entretanto seu maior e mais recente sucesso no cinema se traduz numa produção inteligente de baixo custo e alto rendimento, algo grande o bastante para si mesmo: Crash- No Limite. Sem personagens principais nem maniqueísmos, vários personagens da sociedade norte americana, no contexto pós- 11 de Setembro, demonstram entre um acidente e outro relações de insegurança, medo e preconceito, apesar de não se prender e se aprofundar em nenhuma das problemáticas perdendo a chance de despertar profunda auto-reflexão no expectador a cerca do modelo civilizacional das relações sociais. Jean Cabot (Sandra Bullock) é a rica e mimada esposa de um promotor que representam o grupo central da sociedade norte-americana: