Análise do Filme Branca de Neve e o Caçador

Análise do Filme: “Branca de Neve e o Caçador” ²

PASTRE, Ana Paula Esser¹

Bem sabemos que o ser humano ao longo de sua existência tem a necessidade de expressar-se e, através de narrações, estórias e histórias ele se dá o direito de reinventar-se, de se reconhecer frente às delícias e dissabores do mundo real. É ponto pacífico que, independente da natureza, temos uma diversidade considerável de funções nas produções literárias das quais podemos ressaltar a estética, a ludicidade, a cognição e a ideologia. Devo destacar essa última como sendo o ponto principal desse esboço que visa identificar os conceitos ideológicos presentes na produção cinematográfica “Branca de Neve e o caçador” que se baseia em um conhecido conto de fadas escrito pelos irmãos Grimm no século XIX.
Quando nos deparamos com um clássico da literatura universal, ou melhor, uma de suas várias releituras, e sendo ela adaptada para o cinema, é iminente que busquemos compreender as intenções em reapresentá-lo, mesmo porque no cinema, acreditamos que nada é um mero acaso, pelo contrário, há sempre um eixo norteador ou propósito. O filme “Branca de Neve e o caçador”, revisita alguns conceitos já conhecidos como a inconsequente busca pelo poder, poder esse que está intimamente ligado ao conceito do belo, e a sua fonte - a juventude e a luta constante entre o bem e o mal.
Entretanto, essa produção difere em alguns pontos interessantes do conto que a baseia. Fatos como a prisão e fuga de Branca de Neve, a presença do irmão da madrasta, o papel do caçador que se agiganta no filme, a participação dos anões, que não são tão simpáticos como os originais, enfim, todos os componentes ganham nova caracterização.
A ambientação, sob nova roupagem, foge do original e desloca Branca de Neve para uma situação hostil e belicosa onde o objetivo é reaver o que a madrasta lhe usurpou e não apenas se entregar ao amor do belo príncipe que a despertaria com um beijo, como no conto. Aquela figura delicada,