Análise do curta-metragem de Tim Burton
VINCENT (1982)
Esta análise examina o curta-metragem Vincent (1982), do cineasta estadunidense Tim Burton.
Nesse pequeno filme de animação de apenas cinco minutos, encontra-se quase todos os elementos temáticos e estilísticos que fundamentariam sua bem-sucedida carreira no cinema comercial norte-americano, e que, ao mesmo tempo, lhe dariam fama de outsider e de diretor cult.
Feito nos estúdios da Disney, onde Burton trabalhou como animador de 1979 a 1984, Vincent foi um pequeno “experimento” bancado pelos produtores Julie Hickson e Tom Whilite, baseado em um poema escrito pelo diretor, e realizado com fotografia em preto e branco, através de sua técnica que reunia animação com bonecos (stop-motion) e desenhos animados. O texto, indiretamente autobiográfico, narra as “aventuras” domésticas de um menino retraído que, em seus terríveis devaneios, imagina ser o astro do cinema de horror Vincent Price – e acaba sendo levados ao esgotamento psicológico pela dificuldade de dividir suas fantasias com as pessoas que o cercam.
Em Vincent, podemos encontrar várias referências que se tornariam sua marca-registrada dos filmes posteriores de Tim Burton: o cinema de horror americano.
Vincent
O curta-metragem começa em um jardim, com uma câmera que segue um gatinho preto em direção a um quarto sem móveis. O animal pula no colo de um menino que toca uma versão quase medieval de The Hoochie Kootchy Dance em flauta doce. Então uma voz nos apresenta a personagem:
Vincent Malloy tem 7 anos de idade, ele é sempre educado e faz tudo o que lhe dizem pra fazer. Para um rapaz da sua idade ele é ponderado e simpático. Mas ele quer ser como Vincent Price.
Mal o narrador termina o último verso e o inocente menino se transforma em outra pessoa de ar maléfico, com os cabelos desalinhados e um cigarro entre os dedos, espantando imediatamente o gato. Quando abre a porta do quarto, Vincent volta a ser o garoto inocente do início do vídeo. ao