Análise de um poema de vinicius de moraes
Passa, tempo, tic-tac
Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu ti-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac
Tic-tac
Tic-tac...
O Relógio é um dos poemas de Vinícius de Moraes que faz parte da A arca de Noé, lançado em 1970 pela José Olympio. O livro, com poemas infantis, foi dedicado a seus filhos. Vinícius, poeta do amor e da sensualidade mais profunda, talvez não fosse o mais adequado para falar às crianças, porém, ao fazê-lo, reencontrou a ingenuidade e deixou ser levado pelo lúdico, combinação indispensável para o sucesso. A poesia Infantil é feita de ludicidade, simplicidade e ritmo, fazendo com que a criança volte ao seu mundo próprio. É o que observamos numa primeira leitura do poema.
O poeta usa a Onomatopéia (tic-tac) para dar ritmo e efeito sonoro ao poema. Essa repetição ao longo do texto acaba fazendo da sonoridade uma grande brincadeira. O (tic-tac) reproduz o mais próximo possível o som do relógio, por isso classificamos esse som como uma Onomatopéia pura. Esse é um dos recursos expressivo mais usado nas poesias infantis, pois concentram a melodia, a harmonia e o ritmo da frase, servindo para produzir esse efeito especial. O que difere uma Onomatopéia da Aliteração é que essa sugere um som e a Onomatopéia imita. Ainda falando de ritmo o autor, para marcar o compasso do poema, usa as vírgulas. Elas servem, neste caso, para marcar as pausas no texto, o que nos faz lembrar o ponteiro dos segundos deslocando-se.
Quanto à escolha lexical, podemos observar que o autor procurou usar palavras que ao longo do texto vão se relacionando ao próprio título do poema, O Relógio. Por exemplo: tempo, hora, atrasa, dia, noite. Essa escolha quase sempre é feita propositalmente. Observamos ainda um forte sentido de oposição quanto ao emprego das palavras. Começamos pela própria Onomatopéia (tic-tac). Os